Terra Pura

A Essência do Shin Budismo da Terra Pura
(O Caminho que Eu Sigo)

Nome do Ensinamento: Jōdo Shinshū (Shin Budismo da Terra Pura).
Fundador: Shinran Shōnin (21/05/1173 - 16/01/1263).

Nome da Escola: Jōdo Shinshū Hongwanji-ha (Honpa Hongwanji).
Templo Matriz Mundial: Ryūkoku-zan Hongwanji (Nishi Hongwanji).
Objeto de Reverência: Buda Amida (Namo Amida Butsu).

Escrituras Sagradas
Sutras

Tríplice Sutra da Terra Pura pregado pelo Buda Shakyamuni:
・Sutra do Buda da Vida Imensurável;
・Sutra da Contemplação do Buda da Vida Imensurável;
・Sutra do Buda Amida.

Obras principais de Shinran Shōnin:

Wasan
・Shōshin Nembutsuge (Hino ao Nembutsu na Verdadeira Mente Confiante), extraído do capítulo “Prática”, da obra Kyōgyōshinshō;
・Jōdo Wasan (Hinos da Terra Pura);
・Kōsō Wasan (Hinos dos Patriarcas);
・Shōzōmatsu Wasan (Hinos das Três Idades do Darma).

Obra principal de Rennyo Shōnin, O Revitalizador:
Gobunshō (As Cartas do Mestre Rennyo).

Ensinamento:
Pela virtude do Voto Original do Tathāgata Amida, recebo a Mente Confiante (Shinjin) e vivencio o Nembutsu. Quando os elos que me prendem a esta existência se desfazem, se dá o nascimento na Terra Pura, me torno Buda e retorno a este mundo da ilusão para conduzir os seres à iluminação.

Vida Cotidiana:
Guiado pelos ensinamentos de Shinran Shōnin, ouço o chamado compassivo do Tathāgata Amida. Recitando o Nembutsu, sem recorrer a súplicas, reflito sempre sobre minha conduta e, na tristeza dos meus erros e na alegria regozijante, levo uma vida de gratidão e retribuição por todos os benefícios.

Comunidade:
Somos uma Comunidade de irmãos do Darma que segue os ensinamentos de Shinran Shōnin, pratica o Nembutsu e transmite a Sabedoria e a Compaixão do Tathāgata Amida. Contribuímos, assim, para a construção de uma sociedade na qual todos possam viver uma existência plena.


Diferenças entre Jodo Shu e Jodo Shinshu

Terra Pura e Comunidades - Local onde as relações operam de outro modo

Terra Pura na China

 
Terra Pura e comunidades

As Origem das Ordens da Escola da Terra Pura

Vocês sabiam que a escola Jodoshinshu posui 10 Ordens diferentes e independentes? Essas ordens embora sigam praticamente a mesma doutrina são entidades diferentes e com estruturas diferentes e não existe uma principal ou secundárias. É claro que algumas tem centenas de templos e outras apenas um, mas em importância todas tem o mesmo nível de dedicação em transmitir o Dharma de Shakyamuni  e os ensinamentos de Shiran Shonin. Portanto, cada uma delas tem seus responsáveis, seus superintendentes e professores.

No Brasil, existem apenas duas ordens: a que chegou primeiro, Shinshu Otani-ha (Higashi Honganji) e a com maior número de templos hoje, Jodoshinshu Hongwanji-ha (Honpa Hongwanji ou Nishi), que por sinal são as Ordens com maior impacto histórico no Budismo.  Embora ordens “irmãs” (literalmente, como veremos a seguir) toda as estruturas e hierarquias são distintas e não vinculantes, ou seja, um superior (Sotyo ou Rimban) de um ordem não tem ingerência na outra, mas a cooperação em estudos e atividades é completa.

Mas por que existem essas duas grandes ordens? Qual a história por trás disso?

Shinran faleceu com a idade de 90 em 28 de novembro de 1262, foi cremado em Higashiyama Toribeno em Kyoto e suas cinzas foram enterradas no Otani. Um mausoléu foi construído lá, em que uma figura de Shinran foi consagrada.

Esta é a origem do presente Higashi Honganji.  Tudo começou com a construção do Mausoléu de Shinran que ficou sob a guarda dos descendentes de Shinran Shonin. O Mausoléu Ōtani foi construído com a cooperação da filha de Shinran, Kakushinni e seus seguidores mais próximos na área de Kanto. A posição de “guarda” (Rusu-shiki) foi herdada de Kakushinni por seu primeiro filho, Kakue, seguido por seu neto, Kakunyo, que se tornou o terceiro sucessor. Ele acabou mudando o nome do mausoléu para  “Honganji”, (Hon=Original, GAN=Voto, Ji=Templo) que depois tornou-se oficialmente reconhecido como um templo.  Mais tarde, Honganji tornou-se afiliado ao templo Tendai Shōren-in, onde Shinran tinha sido ordenado e começou a assumir os traços de uma  escola budista em particular.

Quando Rennyo-shonin se tornou o Patriarca, no entanto, os monges Tendai do Monte Hiei se sentiram ameaçados por estas atividades e destruíram o Honganji original.  Rennyo fugiu para a província de Omi  e mais tarde começou uma comunidade em Yoshizaki na província Echizen (atual Fukui), onde continuou a propagação. Ele estendeu o ensino de Shinran para muitas pessoas, especialmente através de cartas facilmente compreensíveis, chamado Ofumi (no Higashi) e Gobunsho (no Nishi) e através da organização de reuniões locais (ko).

Em 1532, os seguidores de outras escolas budistas, que temiam a expansão do poder do Honganji atacaram e incendiaram Honganji de Yamashina. O Décimo Sucessor, Shōnyo, fugiu para Osaka (Ishiyama) e estabeleceu o templo principal lá.  Assim como em Yamashina, a cidade se desenvolveu em torno do templo Honganji. No entanto, na época do Décimo Primeiro Sucessor, Kennyo, o Honganji foi novamente confrontado com uma crise. Oda Nobunaga, que aspirava ao trazer todo o país sob seu governo, exigiu a posse de Osaka Honganji devido à sua localização geográfica ideal e estratégica. Claro que o Honganji recusou e combates começaram em 1570. Isto é conhecido como a Batalha de Ishiyama. Embora o Honganji tenha confrontado Nobunaga com a ajuda de seguidores em todo o país e senhores feudais como Mori, finalmente um acordo de paz foi celebrado em 1580 e Osaka Honganji foi entregue a Nobunaga.

Dois anos após Honganji ter deixado Osaka e depois da morte de Nobunaga, seu sucessor Toyotomi Hideyoshi tratou o Honganji com respeito e doou terras em Tenma, Osaka e mais tarde em Horikawa Shichijo, no lado oeste de Kyoto. No entanto, em 1592, logo após o Honganji ter se mudado para Kyoto, Kennyo faleceu e foi sucedido por Kyōnyo, que ainda preferiu auxiliar alguns focos de ataques aos templos do Honganji em Osaka, junto com os samurais do Clã Fujiwara que sempre defenderam o Hongaji e o sucessor passou a ser seu irmão mais novo, Junnyo, em uma providencial quebra de tradições. Porém com o fim dos combates, Kyonyo volta para Kyoto e um impasse se estabelece, afinal a sucessão era por tradição dada ao primeiro filho, no caso Kyonyo, mas seu irmão estava empossado.  Para arbitrar, Toyotomi Hideyoshi cede um novo terreno no lado leste da cidade (Karasuma) para a construçào de um novo templo, mas que restabelecia a sucessão original. Então, ressurge o Honganji (denominado agora Otani-ha ou Higashi/leste) liderado pelo fiho mais velho de Kennyo literalmente irmão do “Nishi” (oeste) Hongwanji, liderado pelo seu irmão mais novo, Junnyo.

Outras ordens Jodoshinshu:


SINOPSE HISTÓRICA DO BUDISMO JAPONÊS
Período histórico Seitas budistas estabelecidas Características religiosas do período
Nara (710-794) Jôjitsu, Kusha, Ritsu, Sanron, Hossô, Kegon Grande aceitação do Budismo na corte (sobretudo por alegado poder mágico e protetor) e patrocínio estatal. Príncipe-regente Shôtoku (574-622), venerado como ̳patrono‘ do Budismo japonês. As seis escolas representam as principais correntes budistas da época. Sistema de templos provinciais, tendo o Tôdai-ji (em Nara) como templo-matriz.
Heian (794-1185) Shingon, Tendai Corrupção e interferência política dos monges como uma das razões para mudança da capital para Heian (Quioto). Esoterismo/ritualismo da Shingone autoridade eclesiástica da Tendai usados para proteger o Estado. O Budismo se aproxima da cultura japonesa (sincretismo) e se propaga paulatinamente no interior do país.
Kamakura (1185-1333)Muromachi(1333-1568)Momoyama(1568-1600) Jôdo-shû, Rinzai Zen, Sôtô Zen, (Jôdo) Shinshû, Nichiren Surgem novas seitas como reação ao crescente elitismo, ritualismo e envolvimento político da Shingon e da Tendai. O Budismo simplifica a salvação e começa a se popularizar: as seitas Jôdo, com idéia de salvação via fé no Buda Amida; a Zen, via meditação; e a Nichiren, via fé no Sutra de Lótus. O clima de crise populariza a idéia de fim do ensino budista (mappô). Shinran inicia o costume de liberdade de casamento para os monges. Criação do Budismo tipicamente japonês de Nichiren. Monastérios com grupos de defesa próprios
Tokugawa(1600-1868) Ôbaku Zen O Budismo se torna religião oficial do xogunato, sob controle absoluto da família Tokugawa, adepta da Jôdo-shû. Instituição de sistema paroquial (danka-seidô) para controle da população: cada família era obrigada a receber certificado de filiação ao templo do lugarejo, independentemente da seita. Popularização das peregrinações e da prática devocional Nembutsu. No final do período, surgem as primeiras ― novas religiões‖ (shinshûkyô).
 
Meiji(1868-1912);
Taishô(1912-1926)Shôwa (1926-1989;
pré-II Guerra)
Reiyûkai, Risshô Kôsei-kai, Sôka Gakkai. Governo Meiji favorece o Xintoísmo e, temporariamente, o Budismo é perseguido. Aliança de certos ramos do Budismo Nichiren com o nacionalismo. Proliferação de novas religiões. Apoio de quase todos os ramos budistas ao militarismo japonês.
Shôwa (1926-1989;
pós
-II Guerra);
Heisei(1989-presente)
Shinnyô-en, Agonshû, Aum-Shinrikyô* (*atualmente, Aleph) A liberdade religiosa do pós-guerra faz explodir o número de novas religiões, ao mesmo tempo em que crescem o secularismo e a desconfiança relativa às religiões. A Sôka Gakkaicria o Partido Kômeitô(1964). Recorrentes visitas de políticos do alto escalão ao santuário Yasukuni Jinja atraem protestos veementes de países asiáticos vizinhos. O incidente da Aum-Shinrikyô com gás sarin (Tóquio, 1995) aprofunda a desconfiança pública com relação aos novos movimentos religiosos e serve de justificativa para se propor maior controle governamental sobre os grupos religiosos

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre. Terra Pura é uma vertente do budismo Mahayana também conhecida como Amidismo devido à sua característica devoção ao Buda Amida (sansc: Amitabha, Amitayus; chinês: Amituofo; coreano: Amitabul), o Buda da Vida e Luz Infinitas.

O Caminho da Terra Pura se baseia nos ensinamentos proferidos pelo Buda Shakyamuni no Sutra da Vida Infinita sobre um asceta de nome Dharmakara que em um passado remoto fez 48 votos condicionantes para se tornar um Buda jurando construir um mundo ou estado de consciência no qual não exista sofrimento e torne acessível a aluminação a todos que neste lugar venham a nascer, tornando então o nascimento nessa terra como uma alternativa a praticantes incapazes de realizar outras práticas.

Segundo o Buda Shakyamuni, Dharmakara atingiu a iluminação e se tornou um Buda chamado Amida, vivendo atualmente em uma terra chamada Terra Pura da Suprema Felicidade (sansc: Sukhavati) de onde acolhe incontáveis seres de todo o universo libertando-os do ciclo de nascimentos e mortes (Samsara) e lhes garantindo a Iluminação.

Os meios de renascimento na Terra Pura do Buda Amida são descritos no Sutra da Vida Infinita e no Sutra da Contemplação da Vida Infinita, onde são descritos variadas práticas de visualizações e meditações contemplativas, sendo a principal prática a recitação recordativa do Nome de Amida (jap: nenbutsu; ch: Niânfo; sansc: buddhanusmrti; pali: buddhanussati) prática fundamentada pelo 18° voto de Amida no qual é dito que todos que desejarem nascer nesta terra devem se confiar sinceramente ao Buda e com o coração confiante recitarem o nome de Amida tendo então seu nascimento na Terra Pura da Suprema Felicidade infalivelmente garantido.

O budismo da Terra Pura é o maior ramo amplo do Budismo Mahayana e uma das tradições mais amplamente praticadas do budismo no leste da Ásia. Por sua doutrina apresentar um caminho de prática acessível a maior variedade de pessoas independente de suas limitações e capacidades de compreensão, o Budismo da Terra Pura é facilmente expandido e praticado entre as massas. Os três textos primários da tradição, conhecidos como os "Três Sutras da Terra Pura", são o Sutra Sukhāvatīvyūha (Sutra da Vida Infinita), o Sutra Amitayurdhyana (Sutra da Contemplação) e o Sutra Sukhāvatīvyūha (Sutra da Luz Infinita).

Como muitas outras escolas budistas, a Terra Pura dividiu-se em várias espalhadas na China, no Japão e na Coréia em diversas versões da mesma doutrina de base.

No Japão e no Brasil a mais conhecida e praticada é a Verdadeira Escola da Terra Pura (em japonês: 浄土真宗, Jodo Shinshu), fundada por Shinran Shonin (1173-1262), discípulo de Honen Shonin fundador da Jodo Shu.

Os ramos da Jodo Shinshu presentes no Brasil atualmente são o ramo Hongwanji-Ha (matriz mundial Nishi Honganji em Kyoto) e o ramo Otani-Ha (matriz mundial Higashi Honganji em Kyoto).

Do Budismo chinês existe no Brasil o Templo Chen Tien de Foz do Iguaçú que segue principalmente a doutrina da Terra Pura.


Terra Pura e comunidades - Local onde as relações operam de outro modo

Terra pura é um conceito budista que é ao mesmo tempo um pouco emocional, sutil e um pouco também material, concreto. É um local para podermos manifestar de um modo mais natural e mais fácil as qualidades intrínsecas da nossa mente.
Precisamos entender um pouco o contexto mais amplo da cultura dominante onde a noção de terra pura termina se inserindo. Essa cultura globalizada em que vivemos manifesta faixa um e faixa dois.

Em faixa um, as pessoas se manifestam e se movem no mundo a partir de um impulso natural que surge dentro delas. Elas não têm uma visão mais ampla sobre o que elas deveriam fazer da vida delas, qual o sentido da vida delas. Elas simplesmente respondem aos impulsos que surgem aos sentidos físicos. Por exemplo, se ela vê coisas atraentes, ela se move a partir disso, se ela ouve coisas agradáveis, ela se move a partir daí e pronto!

Em faixa dois, as pessoas também se movem a partir dos sentidos físicos, mas elas têm uma sensação de estratégia, de pensamento a longo prazo, de fazer alguma coisa dar certo a partir de um planejamento. Elas têm a sensação de estar avançando, de ter um real progresso em alguma coisa.Mas são apenas bolhas de realidade, como um campeonanto de futebol, como o trabalho.

É só em faixa 3 que a noção de Terra Pura irá surgir, pois em faixa 3 irá surgir a percepção do mundo interno, ou seja, ao olhar para alguma coisa, percebo que a minha mente responde para aquilo de um certo modo e não de outro e que ela pode responder de várias formas. Percebo também que eu posso treinar a maneira como a minha mente vai responder àquilo. É neste contexto que surgem outros referenciais para ação. São estes outros referenciais que vão me permitir construir terra pura, são referenciais mais amplos.

E quais seriam estes referenciais? Vamos nos dar conta de que todos os seres buscam felicidade e se afastar do sofrimento, que o nosso movimento é em busca das causas da felicidade e de se afastar das causas do sofrimento. Assim, nossos referenciais passam a ser internos. Isso se torna uma terra pura. Mesmo as construções técnicas que nós vamos ter, elas servem para construir esta terra pura.

Na cultura globalizada, não há esses referenciais de busca da felicidade e de superação do sofrimento, nós não buscamos isso, não aprendemos sobre isso na escola, nas universidades, na nossa família. Buscamos alguma coisa dos seis reinos, e temos uma relação instrumental com o mundo, como se o mundo fosse um recurso disponível para que eu tenha sucesso nas minhas visões estratégicas. Posso aprender a construir melhor, a refinar o minério, a destilar não sei bem o que, mas tudo isso serve como instrumento para alguma bolha que eu esteja operando.

Em terra pura, o nosso foco é a contemplação e a transformação das nossas estruturas internas, pois eu passo a entender que mudando essas estruturas, eu mudo a realidade. Isso está ligado à coemergência, à inseparatividade do mundo interno e externo. Isso constitui faixa 3.

Em faixa três, nas terras puras, vamos trabalhar na melhoria das relações. Se não tivermos boas relações conosco, é inevitável que o sofrimento surja e que a felicidade não surja. Se não mantivermos boas relações com os outros, com a sociedade civil e com a natureza, isso também é inevitável.

Quando descobrimos esse espaço interno de poder fazer diferente, vamos reconhecer nossa liberdade fundamental. Dessa liberdade fundamental, que é o ponto para todo o budismo, vão surgir as mandalas, as 4 qualidades incomensuráveis, as 6 perfeições, a sabedoria primordial, as qualidades dos 5 diani budas.

A comunidade é fundamental para que o “ensinar pelas costas” ocorra e as pessoas possam praticar e se apropriar dessas qualidades de uma forma não-cognitiva. É como se toda a comunidade fosse aluna desse processo. E a medida que a comunidade avança, todos avançam.

Transcrição de ensinamento de Lama Padma Samten