• Esclarecimentos
2 – Flores
3 – Incenso
4 – Gashô
5 – Luz de Vela
6 – Meditação e Rosário
7 – Gongo
1 - O Buda Amida e o
Nembutsu
O Budismo foi fundado na Índia há mais de 2.500 anos por Siddhartha Gautama,
também conhecido por Shakyamuni, o Buda. A palavra Buda significa Desperto ou
Iluminado. Siddhartha Gautama, o Buda, não se apresentou como um deus nem como o
profeta de um deus. Apresentou-se como um homem que, depois de uma longa busca,
alcançou a Verdade referente à origem e ao cessar dos sofrimentos que afligem o
homem. Essa verdade é chamada de Dharma (Lei, Princípio, Fundamento) e constitui
a essência do ensinamento budista. O Buda histórico não inventou o Dharma, ele
apenas descobriu o Dharma eterno que sempre foi, é e será, e agiu como seu
porta-voz. O Dharma é plenitude de Luz e Vida, Sabedoria e Compaixão. Ele não
tem forma, nem cor nem cheiro, está além da palavra e do pensamento, mas para
que os homens possam compreendê-lo, assume a forma de um Buda luminoso, o Buda
Amida. Shakyamuni ensinou que um asceta de nome Dharmakara jurou conduzir todos
os seres viventes à Iluminação e tornou-se Buda com o nome de Amida. Amida
significa Imensurável. Ele tem esse nome porque a Sabedoria e a Compaixão
búdicas são imensuráveis. A estória de Dharmakara se passa em uma dimensão fora
do tempo e, simultaneamente, dentro do coração de cada um de nós. É uma estória
exemplar que descreve o despertar da Sabedoria e da Compaixão búdicas no coração
dos seres viventes. Esse despertar torna-se possível quando ouvimos o Dharma e
praticamos o Nembutsu. O Nembutsu consiste na recitação da frase NAMU AMIDA
BUTSU, que significa: - “Eu tomo refúgio no Buda da Luz e da Vida Imensurável”.
O Nembutsu é a prática central de nossa Escola Budista, a Verdadeira Escola da
Terra Pura ou Jodo Shinshu. Segundo Shinran (1173-1262), o Patriarca fundador da
Escola, o Nembutsu não é uma prece para pedirmos curas, milagres ou a nossa
iluminação espiritual. O Nembutsu é um cântico de gratidão que brota de nossos
lábios quando a luz do Dharma ilumina nossos corações, dissipando as trevas da
ignorância, causa primordial de todo o sofrimento.
A estátua dourada que se encontra no centro dos altares dos templos e dos
oratórios domésticos da Escola Jodo Shinshu representa o Buda Amida e não o Buda
histórico Shakyamuni. Algumas pessoas estranham a ausência de Shakyamuni em
nossos altares e chegam a dizer que o Jodo Shinshu não é Budismo. Entretanto,
Amida é o fundamento da iluminação não só do Buda histórico Shakyamuni mas de
todos os Budas do passado, do presente e do futuro. Esse mesmo fundamento está
presente no Nembutsu.
2 – Flores
Flores são bonitas para decoração. Porém, as flores nos templos Budistas
simbolizam o ensinamento de transitoriedade. Buda ensinou que todas as coisas
deste mundo estão em constante mudança e nada é permanente. Flores são bonitas
de manhã mas murcham com o calor do dia. Assim, a transitoriedade do mundo pode
ser vista claramente nas flores. As flores lembram-nos desta constante mudança
das coisas e da vida. Nós estamos em face dos fatos da velhice, doença e morte,
independente de os desejarmos ou não.
Esta é uma das meditações do oferecimento das flores:
Estas flores eu ofereço em memória de Buda, o Supremo Iluminado. Estas flores
estão agora belas na forma, gloriosas na cor, doces no perfume. Todavia, logo,
todas terão morrido, suas belas formas murchas, a cor brilhante desbotada, seus
perfumes acabados. É assim mesmo com todas as coisas condicionadas que estão
sujeitas à mudança e ao sofrimento e são ilusórias. Compreendendo isto podemos
alcançar o Nirvana, a paz perfeita, que é eterna.
3 – Incenso
Incenso é um símbolo que significa espírito de auto- purificação e
auto-dedicação. O incenso tem o poder de produzir uma doce fragrância; somente
quando ele queima, espalha esta fragrância. Quando uma pessoa queima incenso,
surge um pensamento que, justamente como este incenso queima, é nossa alegria
espalhar doce fragrância de personalidade: <<Eu dedicarei meu corpo para altos
propósitos mais do que a mim mesmo>>. Uma pessoa sempre desejando ir mais que
meio caminho em auxílio a outros, é amigável e amável, é sempre querida por
outros e uma doce fragrância de personalidade, é como o incenso que espalha a
sua fragrância.
O incenso tem diferentes cores e diferentes formas. Alguns incensos são em pó;
outros têm a forma de paus ou fragmentos de várias formas. Há também diferentes
cores: púrpura, preto, amarelo, verde e marrom. Mas independente da forma ou
cor, quando o incenso queima ele transcende sua forma e cor individual e
torna-se uno na fumaça. Isto simboliza a transcendência do indivíduo ou o ego
torna- se uno com todos os outros, torna-se uno com a unidade da vida.
O incenso é usado no mesmo sentido do oferecimento das flores. É oferecido em
memória de Buda. É uma outra forma de meditação.
4 – Gashô
GASHÔ é a mais alta forma de respeito simbolizando unidade. GASHÔ é realizado
juntando as palmas das mãos em frente ao seu peito. Uma palma representa o
sujeito, a outra representa o objeto. O objeto pode ser Buda, mestre, mãe,
esposa ou marido, ou qualquer outro. Simboliza a unidade de si próprio e dos
outros. No GASHÔ um homem mortal e o Buda Iluminado tornam-se unidade, o
indivíduo
e Buda são transcendidos à identidade. GASHÔ é a mais alta expressão desta
unidade. Quando isto é expresso em palavras, é <<Namu- Amida-Butsu>>. <<Namu>> é
inspirar respeito e tornar-se uno;
<<Amida>> é vida imensurável e luz ilimitada que é a essência de todos os seres.
Entretanto, quando alguém recita <<Namu-Amida- Butsu>>, ele se torna uno com
Buda Amida, transcendendo o insignificante ego.
5 – Luz de Vela
A luz de vela é um símbolo de sabedoria. Em nosso mundo físico nós vemos as
coisas através da luz. Se nós não tivéssemos sol ou luz elétrica, este mundo
seria tão escuro que nós não poderíamos ver nada. Em nosso mundo espiritual e
mental a luz física não pode ajudar- nos a ver. Nós vemos somente através da
sabedoria. Nós tropeçamos muitas vezes na vida diária porque nós carecemos de
sabedoria. Sabedoria é uma luz através da qual nós compreendemos a verdade sobre
a vida. Sabedoria, que é muito importante no Budismo, é diferenciada do
conhecimento, no ensinamento budista. Conhecer, ou aprender, é alguma coisa
adquirida de fontes externas. Nós podemos adquirir conhecimento através de
leitura, ouvindo conferências, etc., mas sabedoria ninguém pode adquirir
externamente; deve ser criada dentro da própria vida da pessoa. Sabedoria é
obtida somente através de experiência imediata e direta.
6 – Meditação e Rosário
Não há preces no Budismo. As palavras que eles recitam são meditações e não
preces. Eles recitam para si mesmos as virtudes de Buda e de sua doutrina; desse
modo eles podem adquirir disposições mentais como também são favoráveis à
obtenção de qualidades
similares em suas próprias mentes, por menor que seja o grau. De acordo com o
Budismo, o Universo é governado por leis eternas e inalteráveis de probidade,
não por nenhum ser supremo que possa ouvir e responder às preces. Estas leis são
tão perfeitas que ninguém, nem Deus e nem homem, pode mudá-las, louvando-as ou
protestando contra elas.
Os rosários de meditação são um símbolo de unidade e harmonia. Este é composto
de contas, cada conta representando um indivíduo. Porém, cada conta não está
isolada e independente mas está ligada a todas as outras para constituir um fio
todo de contas. Nós, indivíduos, podemos parecer independentes, mas não somos
independentes e nem isolados. Nós estamos relacionados uns aos outros na
associação da vida que chamamos Natureza Búdica ou Pensamento Búdico. Nós
estamos inter-relacionados e interdependentes, ninguém pode existir sem os
outros, os rosários de meditação simbolizam a unidade de todos os seres e a
harmonia entre eles.
7 – Gongo
Os gongos são usados nos Templos Budistas e nos lares para três finalidades:
anunciar a hora de uma reunião; assinalar diferentes fases de serviços ou tempos
de cantos; e como um símbolo de auxílio na meditação – quando um belo som é
emitido, nós ouvimos sua ressonância através do som mudo do qual depende a
meditação.
ORIENTAÇÃO
Permita à Luz chegar à sua vida!
Este livro foi escrito especialmente para nós e nossas famílias. As palavras
nele contidas são ensinamentos que orientam nossas vidas através da recitação
dos textos sagrados e constituem a sabedoria budista que nos direciona à
Compaixão.
Muitas dificuldades surgem ao longo da nossa existência. Através da aceitação do
Nembutsu (a recitação do “Namu Amida Butsu”) podemos enfrentar melhor os
desafios dos tempos atuais orientados pelos ensinamentos do Buda, nele contidos,
que precisam estar presentes no nosso dia-a-dia.
O Patriarca Fundador da nossa Escola, o Mestre Shinran, foi a pessoa que mais
trouxe esses ensinamentos para perto de nós, quando falou sobre a Fé.
Este livro de Louvação ao Buda ajuda a Luz chegar às nossas vidas, pois, quanto
mais recitamos o Shôshinge, seu principal texto sagrado, mais familiarizados
ficamos com os ensinamentos do Buda.
A iniciativa depende de nós!
Não basta apenas olhar o livro, devemos refletir sobre as palavras escritas pelo
Patriarca Fundador Shinran-Shônin, recitando o Shôshinge pela manhã e ao
anoitecer, com base nas Cinco Práticas Corretas de um fiel budista, segundo o
Mestre Zendô-Daishi (Shan- tao), que são:
1. Leitura dos textos sagrados.
2. Contemplação.
3. Reverência
4. Recitação do Nome Sagrado (Namu Amida Butsu).
5. Louvação ao Buda.
Possamos todos, ser iluminados pelas palavras do Buda!