A época de seu nascimento e a de sua morte são incertas
Shaka foi o fundador do Budismo. O nome dele provém da abreviação de Shakamuni, cujo significado queria dizer Santa da tribo Shaka. (Shaka era o nome de uma tribo. Já Muni significa Santa).
Shaka também pode ser chamado de Shaka-botoke, Shakuson ou Gôdama-botoke.
Há muitas versões sobre o dia da morte de Shaka. Alguns pesquisadores acreditam que ele tenha morrido no século 4. Outros aventam a hipótese de que ele tenha falecido no século 6.
No Japão, acredita-se que Shaka tenha nascido em a.C.560 e morrido por volta de a.C 480.
Ele teria vindo ao mundo como o príncipe da tribo Shaka, cujo domínio do seu reinado se estenderia do Nepal à Índia.
Todas as escolas budistas têm a mesma base: nasceram dos ensinamentos de Sidarta Gautama, o Buda Histórico, também conhecido como Buda Shakamuni.
Sidarta foi um príncipe indiano, filho do Rei Suddhodana e da Rainha Maya, que viveu há aproximadamente três mil anos, na região de Magadha. Maya morreu depois de 7 dias do nascimento de Shaka.
Na ocasião de seu nascimento, um famoso profeta advertiu seu pai, rei do clã dos Shakyas, de que, caso fosse permitido a ele testemunhar as carências e o sofrimento do mundo, seu filho enveredaria por um caminho de buscas e provações até se tornar um líder espiritual. Para evitar esse fim, o Rei Suddhodana tentou proteger o filho e criá-lo cercado apenas de beleza e riqueza.
No entanto aos 29 anos, em um episódio famoso, Sidarta saiu do castelo e se deparou pela primeira vez com um velho, um homem doente e um cadáver. Depois dessas impressões, questionou-se sobre se haveria algo que transcendesse tais sofrimentos.
Tomado por um sentimento de compaixão pela humanidade, Sidarta abandonou a vida de luxo no castelo e passou a buscar respostas para suas dúvidas através de práticas ascéticas. Obrigou-se a comer menos e meditar muito. Esperava desta forma eliminar o sofrimento. Mas por experiência própria, concluiu que a autoflagelação confunde a mente, ao invés de favorecê-la.
Então, aos 35 anos, após sete dias e sete noites meditando sob uma figueira, ele percebeu o fluxo de suas vidas passadas e entendeu que o apego era fonte de seu sofrimento. Em níveis cada vez mais sutis sua mente se iluminou, plena e completamente. Não sendo mais apenas um príncipe, era agora um Buda, “O Desperto”.
Seu primeiro ensinamento após a iluminação é conhecido como as Quatro Nobres Verdades, que servem de diretrizes para todas as vertentes budistas.
1. Tudo na vida é sofrimento. Nascer é sofrer, envelhecer é sofrer, morrer é sofrer, estar unido com aquilo de que não gostamos é sofrer, separarmo-nos daquilo que amamos é sofrer, não conseguir o que queremos é sofrer.
2. O sofrimento é causado pelos desejos, anseios e apegos do ser humano. Se existe sofrimento é porque há causas para isso. É a lei da causa e do efeito.
3. O sofrimento pode ser levado ao fim. Isso acontece quando o desejo cessa. Cessam as causas, cessa também o sofrimento.
4. O homem pode ser libertado do sofrimento seguindo o caminho óctuplo, os oito passos ensinados por Buda para acabar com o sofrimento, que podem ser resumidos em não prejudicar os seres, trabalhar em benefício dos seres e controlar a própria mente.
Quem Foi Budha?
Budha nasceu há 2.500 anos atrás em Lumbini (Nepal).
Ele nasceu em uma família rica (realeza) e até a idade de 29
anos viveu uma vida de luxo e prazer. Ele descobriu,
contudo, que tal prazer era temporário e não poderia nunca
levá-lo à felicidade plena. Qualquer felicidade que você
encontrar na vida irá eventualmente ser erodida pela
velhice, doença ou morte, ele reconheceu então e efemeridade
da vida humana.
Assim o Buda largou a vida no palácio do pai, suas 4
esposas, seus filhos e tornou-se um asceta, determinado a
encontrar o caminho que o levaria a libertação das
limitações humanas. Por seis anos, às vezes trabalhando com
outras pessoas (ascetas da floresta), outras sozinho, ele
experimentou variadas práticas, freqüentemente privando-se
de alimento na crença de que, ao ignorar os desejos do
corpo, suas habilidades espirituais avançariam.
Ele alcançou algum sucesso, mas não a libertação infinita
que procurava. Foi então que um dia, desanimado com o
insucesso de sua busca depois de 4 anos, foi até a beira do
rio próximo para beber um pouco de água. Enquanto bebia ele
ouviu uma conversa entre dois pescadores, um já experiente e
o outro novato, o experiente ensinava assim ao novato -
“Escuta, você não deve jogar a rede muito próxima do barco,
pois os peixes se assuntam com ele (o barco) e ficam
distantes, desse jeito não pescará nada, mas se jogar muito
distante, quando for puxar a corda arrebenta, pois a rede
vai pegar muito peixe e assim fica muito pesado, então jogue
a rede a meio caminho, nem perto demais e nem longe demais
do barco”.
Ouvindo isso, Budha em um instante compreendeu o que tinha
acontecido, no inicio, quando era príncipe e vivia na
bonança, ele estava como que “jogando a rede muito próxima”
do barco, por isso não “pescava” nenhuma compreensão.
Já depois, quando se tornou um Asceta, ele renunciou a tudo,
e há todos, levando o seu corpo até o limite, vivendo
desprotegido do sol e das chuvas, em meio aos insetos e da
sujeira. Ele estava então fazendo o oposto, jogava a corda
muito longe, e por isso a corda estava arrebentando...
O verdadeiro caminho não é nem o da inércia, nem o da
exagerada ação, mas sim o da temperança, nem forçando
demais, nem se esforçando além do que o corpo pode suportar,
todos devemos seguir o 'caminho do meio'. Feliz com a sua
descoberta foi contar aos seus companheiros ascetas, mas
nenhum deles aceitou os argumentos, e ainda o consideraram
um traidor de seu voto de vida renunciada.
Budha compreendeu que eles estavam num estagio ainda muito
primitivo, mas que um dia, nas próximas vidas, iriam
reconhecer a verdade. Então, o Budha voltou ao palácio e
depois de um ano onde se recuperou da severidade dos 4 anos
de ascetismo, ele foi a um lugar chamado Bodh Gaya e ali,
agora saudável e bem disposto, voltou a praticar as técnicas
de meditação.
Segundo
o Sutra da Guirlanda, tornou-se um Bodisattva, e foi chamado de Sudhana.
Praticou por mais alguns meses, e num belo dia ao sentir que
estava próximo de alcançar a plena iluminação sentou-se
embaixo de uma árvore, determinado a não levantar-se até
alcançá-la de uma vez por todas.
Conforme meditava, veio a entender a natureza da existência
e o caminho que levaria a livrar-se de todo o sofrimento que
os seres experimentam. Ele também reconheceu que todos
nascemos diversas vezes e que as condições em que nascemos
dependem de nossos feitos passados - boas ações levam a
estados de melhor situação dentro do mundo material - más
ações levam a estados de pior situação.
Ele também percebeu que a idéia de sí mesmo ou de alma
permanente era uma ilusão. O Budha então defrontou-se com
uma escolha - deveria compartilhar seus conhecimentos com o
mundo, e ai adiar por anos o dia de sua ascensão? Ou deveria
partir sem demora para a felicidade e bem aventurança
eterna? - Por compaixão o Budha escolheu o primeiro e logo
começou a ensinar a todos aqueles que desejassem aprender.
Pelos quarenta e cinco anos seguintes, ele viveu como um
monge itinerante, agregando muitos seguidores. Ele morreu
com oitenta anos, deixando a seguinte instrução -
"Esforcem-se com diligência" [isto é, com sabedoria,
cuidado, temperança].
O Buda não foi um deus e não professava sê-lo. Ele foi um
ser humano muito especial que logrou sucesso em encontrar o
caminho para o fim do sofrimento. O budismo é normalmente
referenciado como uma religião sem Deus. Isso é verdade. O
budismo não tem uma dimensão cosmológica, mas sua figura
suprema é o Buda, ao invés de um Deus ou deuses.
"Os Insultos de um Brâmane"
Certa vez, um brâmane, que tinha muita inveja do Buddha Shakyamuni, foi
visitá-lo.
Cheio de ira e ressentimento, começou a insultá-lo duramente, com palavrões e
falsas acusações.
Buddha escutava-o pacientemente, sem alterar-se, sem responder aos repetidos
insultos que o brâmane lhe dirigia.
Depois de algum tempo, o homem, cansado de seus ataques verbais e da falta de
reação do Buddha, calou-se.
Então o Tathāgata disse:
“Terminou?”
“Sim.” – respondeu o homem.
“Você recebe visitas em sua casa?” – indagou Buddha.
“Sim, com frequência.” – o homem assentiu, intrigado.
“E costuma oferecer alimento e bebida às visitas?” – perguntou Buddha.
“Claro.” – disse o brâmane
“Afinal, assim manda a tradição, os bons costumes…”
“E como você age, quando a visita recusa sua gentileza?”
“Nem me importo.” – respondeu o brâmane
“Se a visita não quiser, eu mesmo dou conta, sozinho, dos comes e bebes.”
Então Buddha Shakyamuni disse:
“Pois, então, faça isso com suas críticas.
Você foi muito amável, convidando-me a ouvi-las.
Mas o fato é que não as desejo.
Não quero compartilhá-las com você.
Portanto pode saboreá-las sozinho.”
O brâmane, terrivelmente envergonhado, não soube o que dizer.
Fonte: Histórias para a Sabedoria – Uma Ontologia de Koans, Contos, Lendas e
Parábolas Orientais.
Compilação e Edição de: Shén Lóng Fēng