Nobres Verdades
As Quatro Nobres Verdades (em sânscrito: catvāri āryasatyāni; Wyle: 'phags pa'i bden pa bzhi; em páli: cattāri ariyasaccāni) são a essência central do budismo,[1] em torno da qual todos os demais ensinamentos budistas se baseiam. Segundo Shariputra, um dos principais discípulos do Buda, as Quatro Nobres Verdades englobam todos os darmas.[2]
A primeira Nobre Verdade refere-se a um sofrimento, conhecido em Pali como dukkha, caracterizado por uma dor multifacetada que se expressa tanto como tristeza, insatisfação, aflição, desilusão como desespero, podendo inclusivamente assumir formas subtis como o tédio ou uma sensação generalizada de que nada corresponde às expectativas.[1] Dukkha é fruto do apego gerado do contacto entre os sentidos e uma diversidade de fenómenos, sejam eles internos ou externos, essencialmente impermanentes e, por conseguinte, incapazes de providenciar uma satisfação sustentável e duradoura.[3][4][1][5]
1. Tudo na vida é sofrimento. Nascer é sofrer, envelhecer é sofrer, morrer é sofrer, estar unido com aquilo de que não gostamos é sofrer, separarmo-nos daquilo que amamos é sofrer, não conseguir o que queremos é sofrer.
A Segunda Nobre Verdade trata-se da constatação das causas de Dukkha;
2. O sofrimento é causado pelos desejos, anseios e apegos do ser humano. Se existe sofrimento é porque há causas para isso. É a lei da causa e do efeito.
A Terceira Nobre Verdade anuncia que há um caminho que leva ao fim do dukkha;
3. O sofrimento pode ser levado ao fim. Isso acontece quando o desejo cessa. Cessam as causas, cessa também o sofrimento.
A Quarta Nobre Verdade detalha o caminho que leva ao Nibbana, a cessação de todo o sofrimento.[1]
O impulso volitivo que fomenta a vida, possibilitado pela força do apego, mantém todos os seres sencientes presos ao samsara, o ciclo de renascimento e morte. Atendendo à problemática do dukkha, o Buda propôs, como forma de colocar termo a esse ciclo,[6] as Quatro Nobre Verdades como solução. Elas são, portanto, a soma de conhecimentos mais importantes que Sidarta Gautama alcançou durante a sua iluminação.[7]
As Quatro Nobres Verdades aparecem recorrentemente ao longo dos mais antigos textos budistas, nomeadamente nos da tradição Teravada. O budismo Maaiana tende a marginalizar ou desaconselhar as Quatro Nobre Verdades por as considerar, devido à sua severidade, inapropriadas à maioria das pessoas, incentivando antes o caminho do bodicita.[8]