Belfort negros ?

Existem Belfort negros sim !

Ocorre que, na escravatura, e posteriormente à abolição da mesma, antigos escravos tinham seus nomes próprios, mas utilizavam o sobrenome dos seus donos.

Alguns foram batizados assim, são legalmente Belfort, apesar de não pertencerem à linhagem de Lourenço Belfort, o primeiro Belfort a imigrar para o Brasil.

No caso da Família Belfort, isso começou na Fazenda Kilrue, no Maranhão.

Existem na web algumas referências, como o estudo de MARILÉIA DOS SANTOS CRUZ

FAMÍLIAS E ALUNOS DE ORIGEM AFRICANA NO MARANHÃO DO SÉCULO XIX

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V.41 N.144 SET./DEZ. 2011
CADERNOS DE PESQUISA
RESUMO
O presente artigo demonstra a existência de famílias negras e a presença de crianças
oriundas destas famílias em escolas públicas do Maranhão, durante o século XIX. A
partir de uma metodologia indiciária, foram consultados anúncios de jornais maranhenses do século XIX, códices referentes aos registros de batismo, casamento e
documentação da Secretaria do Governo, localizados no Arquivo Público do Estado
do Maranhão e Biblioteca Pública Benedito Leite.
NEGROS • FAMÍLIAS • ESCOLAS • MARANHÃO PROVINCIAL

Excerto:

A documentação paroquial tem se revelado um importante instrumento para efetivar a ampliação do conhecimento histórico do Brasil antes da fase republicana, sobretudo quando o objetivo consiste em resgatar histórias da vida cotidiana dos sujeitos sociais do passado. As informações contidas em registro de batismo, casamentos, óbitos, inventários e testamentos permitem maior proximidade com trajetórias pessoais da vida de sujeitos anônimos, pouco valorizados em abordagens históricas generalizantes. As informações pessoais que podem ser levantadas com os estudos dessa documentação possibilitam o conhecimento de casos particulares e a identificação de padrões sociais significativos para a compreensão de uma época.

Embora seja ínfima a quantidade de negros identificados em estudos históricos como detentores de patrimônio em testamentos, os dados demonstram que, quando os negros se encontravam em condições apropriadas, eles se integravam ao modo de vida padronizado como ideal e, desta forma, reproduziam os mesmos padrões culturais desfrutados por outros grupos bem-sucedidos. O matrimônio, o batismo, a adesão a irmandades, a elaboração de testamentos e a escolarização foram práticas que não podem ser relacionadas apenas ao padrão familiar de pessoas brancas, como uma propensão ao envolvimento cultural de origem européia.

Estes fatos podem ser observados no testamento do africano Francisco José de Sousa:

Testamento
E este o com que faleceu no dia 23 do corrente Francisco José de Souza, carpina:
Declarou ser christão natural da Costa d’ Africa, de nação Mina Nagô.
Que foi casado com a Preta Liberta Romana Maria da Conceição, já falecida, de cujo matrimônio existem actualmente os seguintes filhos todos de maior idade: Isabel, casada, mas divorciada de seu marido Elias Francisco da Costa Belfort.

Fonte: http://www.scielo.br/pdf/cp/v41n144/v41n144a15.pdf