Canção sobre o Mestre Shinran

Com respeito e humildade quero expressar minha alegria e gratidão relatando aqui os trabalhos árduos do mestre Shinran que elucidou o ensinamento do budismo Shinshu.



Aos nove anos, o mestre Shinran se ingressou no mosteiro do mestre Jitin, tornou-se monge e durante vinte anos fez as práticas no monte Hiei.

Uma por uma, realizou todas as práticas difíceis e inúmeras; percebendo que, mesmo assim, era impossível para um ser humano alcançar a iluminação, partiu para Rokkaku-do.

Durante cem dias no templo orou noite adentro diante do bodisatva Kannon que lhe revelou as quatro mensagens e lhe indicou o mestre Honen de Yoshimizu.

Esforçando-se ao máximo Honen transmitiu o Voto do Buda Amida.

Então, numa fração mínima de tempo, Shinran obteve a salvação do Buda Amida.

Seguindo os conselhos do mestre Honen, aos 31 anos, casou-se com Tamahi, filha do conselheiro imperial Kanezane, abandonando o título de monge.

Acusado de monge corrupto, violador das regras do budismo, Shinran recebeu as calúnias com gratidão ao Buda protegendo a doutrina da salvação única pela fé.

O budismo de Yoshimizu por ser a doutrina que salva a todos sem discriminação despertou a fúria dos invejosos quando o mestre estava com 35 anos.

As falsas denúncias ao imperador feitas pelos monges de Nara e do monte Hiei levaram à condenação de Juren e Anraku, que foram os primeiros a serem executados.

Graças à intervenção do Conselheiro Imperial, sendo a pena de morte atenuada para o exílio, os dois mestres foram banidos, lamentavelmente, separando-se um para o leste e outro para o oeste.

Sendo atribuído o nome de detento, Yoshizane Fujii, Shinran partiu, acompanhado de Saibutsu e Ren'ni, pela jornada em direção a Etigo.

Vendo o exílio como um expediente de Amida, as pétalas da flor do budismo que caíram na capital fizeram desabrochar a doutrina trazendo a primavera nas terras de frio intenso e profundo de Etigo.

Absolvido no segundo ano da era Kenryaku sentiu os cinco anos no exílio passarem como um sonho. Apesar da relutância em deixar Etigo, estava feliz e às pressas voltava para Quioto.

Mas o vento implacável da inconstância soprou trazendo para junto de Shinran a triste notícia da morte de seu querido mestre ferindo seu coração desolado.

Triste e desconsolado, Shinran mudou seu destino para Hitati, para onde seguiu com passos pesados e lá construiu uma cabana no vilarejo de Inada.

Conduziu Bennen, do Monte Itajiki, a conhecer a benevolência da grande compaixão de Amida, chamando-o de irmão e companheiro, um fato narrado até os dias de hoje.

Aqui foi quando elaborou a estrutura da verdadeira escola da Terra Pura, elucidando a verdade nos seis volumes do Ensinamento, Prática, Fé, Iluminação,

O número de seguidores aumentou e para retribuir e transmitir os ensinamentos do Buda, vinte e quatro discípulos na região de Kanto fizeram florescer ainda mais a flor do budismo.

Depois de completar os 60 anos, Shinran retornou à saudosa Quioto e dedicou-se a escrever os seus livros nos últimos 30 anos de sua vida.

Causando a todos infinita tristeza, na tarde do dia 28 de novembro de 1262, Shinran aos 90 anos partiu para a Terra Pura do Buda Amida.

Uma flor rara caiu causando desolação.

Com o aroma do vento, trilhas púrpuras surgiram no céu, tudo obscureceu manifestando a tristeza pela partida do grande mestre.

A mensagem dos 90 anos de sua vida modesta o mestre transmitiu com as palavras verdadeiras, que tocaram o coração das pessoas revelando agora o ensinamento da compaixão.

Graças ao ensinamento do mestre transmitido com rigor muitos foram conduzidos à verdadeira doutrina.

Curvo-me diante de sua imagem com a promessa de retribuir divulgando a verdade com profunda gratidão.

(Extraído de Soshin Seiten - Português)